Test Drive novos tratores MF 6714R Dyna-4 e MF 6714

Dois novos modelos da Massey Ferguson chegam ao mercado para complementar a linha de tratores médios, com 145cv de potência e sistemas de transmissão mecânica e hidrostática, do tipo Semi-PowerShift, que podem chegar a 32 velocidades à frente e 32 à ré.
A Revista Cultivar apresentou alguns testes das máquinas para os leitores a fim de relatar completamente as experiências da máquina no campo, as características e novidades tecnológicas.
O Test Drive foi realizado pelo Laboratório de Agrotecnologia – UFSM, nos novos modelos de tratores MF 6714 e MF 6714R Dyna-4, da Massey Ferguson. A equipe foi até a cidade de Restinga Seca, no interior do Rio Grande do Sul, em uma propriedade agrícola especializada na produção de arroz irrigado para conferir o desempenho no campo, além das novidades que esses dois modelos trazem para o mercado.
A linha de tratores Massey Ferguson no Brasil está organizada em 11 séries, com 32 modelos, e agora cresce para 34 com a inclusão dessas máquinas. Nestas séries são oferecidos tratores que vão desde os pequenos, iniciando com 57cv (MF 4305), até os maiores, com 370cv (MF 8737S Dyna-VT) de potência máxima no motor.
O desenvolvimento desses dois modelos, que ainda não estão sendo comercializados, surgiu para suprir uma lacuna de potência entre o modelo MF 6713, com 135cv, e o modelo seguinte, da série 7200, que é o MF 7214, com 148cv, nas versões mecânicas. E também uma lacuna que existia nas versões com transmissão PowerShift entre o modelo MF 6713R com 135cv e o MF 7719 Dyna-6, com 195cv. Foram aumentados 10cv a um motor já consolidado no mercado, AGCO Power de quatro cilindros.
Através de eventos virtuais como o Agrishow, o marketing da Massey Ferguson apresentou, para a rede de concessionária, informações sobre o modelo MF 6714R, com transmissão Dyna-4. O modelo MF 6714, com transmissão mecânica, também terá informações disponibilizadas.
Embora a perspectiva das entregas seja para 2021, a rede de concessionários já está recebendo a informação da disponibilidade, através de eventos virtuais e de possíveis feiras presenciais que venham acontecer no próximo ano.
Motores com novas potências
O motor é o mesmo usado na série 6700 com aperfeiçoamentos para elevação da potência que a 2.000rpm, pela norma SAE J1995, é de 145cv. O torque máximo informado ocorre a 1.500rpm e é de 580Nm. Os dois modelos contém o AGCO Power de quatro cilindros, com 4.400cm3 de volume deslocado, equipado com turbocompressor e intercooler.
Com essa potência, o motor vem equipado com sistema de redução das emissões poluentes, tipo EGR interno (iEGR), considerando a medida de restrição de emissões do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), previsto pela Resolução Conama 433/2011.
Os tratores são equipados com um sistema de filtragem reforçado, baseado em dois filtros de combustível com sedimentador de água e um filtro para impurezas sólidas, objetivando solucionar os problemas de qualidade de combustível e trabalho em condições limites de calor e resfriamento noturno. Há, também, um filtro na entrada do depósito de combustível, à prova dos descuidos no abastecimento em condições de campo que completa o cuidado com o desenvolvimento para as condições brasileiras.
A engenharia da AGCO produziu algumas melhorias que permite chegar a esta potência. O sistema de arrefecimento do motor recebeu um upgrade para manter a temperatura dentro da faixa ótima para esse motor e suas dimensões. Além disso, houve aumento no tamanho do radiador e maior circulação do líquido de arrefecimento pelo cabeçote para ter mais área de troca de calor e conseguir suportar a pressão aplicada ao turbocompressor e o aquecimento do sistema.
Transmissão e TDP
Segundo análise na Revista Cultivar, a grande diferença entre os dois modelos que foram testados e que serão oferecidos ao mercado é a transmissão de potência.
No Modelo MF 6714R Dyna-4 a transmissão é hidrostática, do tipo Semi-PowerShift com 16 marchas à frente e 16 à ré (16 x 16), distribuídas em quatro grupos. A relação de marchas pode ser aumentada para 32×32 com a adição de um super-redutor (Creeper) para trabalhos em velocidade reduzida. É uma caixa com troca sequencial, sem necessidade de uso de embreagem.
Já o modelo MF 6714 conta com uma transmissão do tipo mecânica, com sincronizador, denominada Syncromesh, que proporciona 12 velocidades à frente e 12 à ré (12×12), distribuídas em dois grupos. Ainda, nesta transmissão, há a possibilidade de adição de um Creeper, e se transformar em 24×24. Estes novos modelos proporcionam velocidades máximas do veículo de até 40km/h, conforme padrão europeu.
Durante os testes, notaram também, a melhoria do conforto nos trabalhos de semeadura com muitas manobras. O modelo com câmbio mecânico mostrou-se eficiente, mesmo com menor número disponível de marchas, sendo capaz de atender as demandas da operação.
Também realizaram testes com um plaina, na tarefa de nivelar a superfície para facilitar a irrigação por inundação.
Para o teste, foram utilizados uma semeadora MF 326, com 26 linhas de semeadura, com largura aproximada de trabalho de 4,25m, e uma plaina niveladora multilâminas Robust 480, dotada de cinco lâminas, o que lhe confere uma largura de trabalho de 4,8m.
Sistema Hidráulico
A Massey Ferguson equipou o modelo MF 6714 com um reversor de acionamento eletro-hidráulico, tipo Power Shuttle, por meio de um interruptor, como opcional. No modelo com a transmissão Dyna-4 não há necessidade deste dispositivo, pois a própria transmissão oferece meios de fácil operação para a troca de sentido, através de um comando colocado na coluna de direção.
Segundo a equipe de teste “Quando a alternativa da reversão eletro-hidráulica opcional for escolhida, a embreagem que corresponde é a embreagem a banho de óleo multidisco. É possível controlar a agressividade da atuação da embreagem quando se usa o sistema multidisco. Uma válvula PWM determina a reação da embreagem, fazendo com que se altere a rapidez do acionamento. O controle deste ajuste é colocado abaixo da alavanca do reversor na coluna de direção. Também é possível prescindir do pedal de embreagem e fazer a troca de marchas utilizando um interruptor que substitui a embreagem. Esse interruptor colocado na própria alavanca de troca de marchas pode ser utilizado em deslocamento, com baixa carga, como, por exemplo, no transporte. Já em trabalho, é recomendado o uso da embreagem para melhor resposta do trator e garantia de longevidade da transmissão.”
Em ambos os modelos o bloqueio do diferencial é acionado por um comando eletro-hidráulico com desbloqueio automático. É possível fazer o desbloqueio de forma manual no mesmo interruptor. O sistema faz com que o eixo dianteiro motriz seja acionado sempre que o bloqueio for acionado.
Os dois modelos têm tomada de potência (TDP) independente, com velocidade angular de 540rpm. Como opcional, pode-se ter uma TDP com velocidades de 540/540E/1.000rpm. A TDP possui embreagem própria, multidiscos, com acionamento eletro-hidráulico. Como medida de proteção, o interruptor tem uma tecla de segurança, na cor amarela, que possibilita o engate somente quando for acionada. Esse é um recurso de segurança contra os acionamentos involuntários. Há disponibilidade de TDP econômica 540E para os trabalhos de menor demanda, desta forma a velocidade angular do motor é reduzida, proporcionando economia de combustível em relação ao que se conseguiria com a rotação padronizada de 540rpm.
A bomba alta pressão do sistema hidráulico dos novos modelos é de centro aberto, que proporciona uma vazão de até 57 litros por minuto. O modelo Dyna-4 pode ser equipado com uma bomba de pistão com vazão de 105 litros. O fabricante disponibiliza como opcional, uma terceira bomba, que, ao combinar seu fluxo com a bomba principal, pode alcançar até 98 litros por minuto, ideal para trabalhos com exigência de maior vazão de fluido hidráulico, como as pás carregadeiras.
O sistema hidráulico de três pontos, categoria III, possui capacidade de até 4.950kgf com dois cilindros externos auxiliares para o levante de equipamentos. Os braços inferiores do sistema hidráulico estão conectados à estrutura do eixo traseiro por meio de pinos sensores de tração, que se conectam a uma central eletrônica que controla o sistema de sensibilidade e adapta o esforço à profundidade de trabalho.
O sistema de controle remoto para o acionamento de sistemas hidráulicos externos utiliza duas válvulas de controle remoto (VCRs) na versão standard e três corpos como opcional, que são acionadas pela bomba de alta vazão e pressão.
Cabine e posto do operador
O fabricante introduziu melhorias no sistema de condicionamento e climatização do ar na cabine do operador. Estas alterações serão colocadas nos demais tratores da série fabricados a partir destes lançamentos. Houve alteração no teto da cabine para aumentar a eficiência do sistema e no filtro, que antes era colocado na parte traseira da cabine, agora passou para a lateral esquerda para facilitar a manutenção do elemento filtrante.
A cabine subiu um pouco por consequência de utilizar pneus maiores e mais altos. A entrada e saída do posto de operação do MF 6714 é feita apenas pela porta do lado esquerdo, e a porta direita é bloqueada, de forma que a saída de emergência é a janela traseira da cabine. Já no MF 6714R Dyna-4 ambas as portas podem ser utilizadas para embarque e desembarque, tendo ainda a janela traseira como saída de emergência.
Por fim, como opcional, além das alternativas do assento com suspensão pneumática, da TDP e do Creeper, é possível solicitar o piloto automático da nova família da Trimble.
Para a manutenção, o capô dianteiro apresenta uma ampla abertura. Por norma regulamentadora de segurança no trabalho, para abri-lo é necessário uma chave tipo allen.
A AGCO realizou a instalação de uma massa de 300kg, intitulada belly weight, por baixo do suporte de pesos dianteiros. Essa solução, junto aos demais lastros, de rodas traseiras e frontal, garante ao trator uma relação de aproximadamente 55kg/cv. Essas adequações foram necessários para manter uma boa relação de peso/potência.
A equipe realizou todos os testes na Granja Baldissera, propriedade gerenciada pelo arrendatário Jonatas Libraga Cechin, que conduz uma área de 480 hectares de lavoura de arroz irrigado, e já está em sua quarta safra neste local.
Fonte: Revista Cultivar